Oi, olá, hello, ciao!
Se a gente ainda não se conhece, prazer, Ana Possas! Te convido a ver mais no “sobre”. Se você já é de casa, bem, fique à vontade! 😉
Se tem um assunto sobre o qual eu adoro falar, são as redes sociais 📱. Talvez isso se deva ao fato de elas terem surgido e crescido concomitantemente à minha jornada profissional na comunicação, tornando-se parte fundamental do meu trabalho e da minha vida.
Para contextualizar, o ano era 2004, e eu ainda estava na faculdade quando um grupo de amigos começou a experimentar o Orkut, algo que não sabíamos direito o que era, mas que se mostrava diferente de tudo o que conhecíamos como forma de conexão.
Nós, meros estudantes de jornalismo 📰, cheios de sonhos de mudar o mundo, não fazíamos a menor ideia de que o mundo do trabalho que nos esperava estava prestes a se transformar de maneira irreversível, tampouco que os nossos inocentes perfis no Orkut seriam parte de tal transformação.
Mais de 20 anos se passaram e, com eles, a multiplicação das mídias sociais e dos seus diferentes formatos de publicações 📲. Eu vi/eu tava quando o Orkut perdeu o apelo. Quando o botão de like dividiu as águas 👍. Quando Twitter era onde tudo acontecia e o Facebook começou a crescer 📈. Quando o YouTube virou um negócio lucrativo 💰.
Quando o Instagram deixou de ser exclusivo do iOS e a turma da maçã 🍏 ficou ressentida. Quando as grandes empresas venceram a resistência e criaram perfis em todas as redes possíveis, sem saber direito o que estavam fazendo 🎯. Quando as blogueiras deixaram de ser blogueiras e passaram a ser influenciadoras 👩💻.
Foram muitos outros “quandos” até aqui. E estamos presenciando um grande deles: quando uma parte da sociedade que aprendeu a utilizar essas mídias começa a dar claros sinais de estar sofrendo os efeitos negativos que vieram junto com as promessas de conexão e conteúdo ilimitados 🌐, sem falar da promessa de dinheiro fácil 💸.
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Olhando para a minha geração, a maior fonte de dependência e frustração parece ser o Instagram. De repente, tá todo mundo desistindo, deletando o aplicativo, diminuindo o ritmo das postagens 📉… Cheguei até a ler uma nota de um dos usuários do Substack que dizia que todo mundo estava abandonando o Insta. Será? 🤔
Na verdade, os dados (ainda vamos chegar neles 📊) dizem que não. Pelo contrário, ainda tem muita gente chegando. No entanto, comecei a refletir para tentar entender por que essa percepção está tão presente, ao menos na minha bolha de profissionais, amigos e substackers.
Eu tinha elaborado um esqueleto bem organizado, com início, meio e fim, mas o texto foi ganhando vida própria e encontrando outros textos antigos, nunca publicados, fazendo com que o fio ficasse longo demais para caber em uma edição só. Por isso, mais uma vez, dividi o tema em duas partes.
Na primeira, compartilho o relato de uma experiência pessoal e com a qual eu sei que muitas pessoas se identificam. Na próxima, eu sigo com o planejado. Que a deusa me ajude 🙏. Bora lá!
🧪 O experimento
No dia 1º de janeiro de 2017, eu me propus um desafio: deixar pelo menos um frame de todos os 365 dias que viriam pela frente registrados no Instagram. O objetivo veio da intensidade com que eu estava vivendo aquele período. Já morava em Lisboa há alguns meses 🌍 e sentia que o novo ano seria especial demais para deixá-lo passar em branco.
Vale relembrar que o Instagram funcionava de um jeito bem mais simples sete anos atrás. As fotos no feed ainda eram o foco principal da plataforma 🖼️. Os Stories haviam sido criados há poucos meses, em 2016, mas não possuíam grande adesão. O limite de tempo para vídeos era curto ⏳, e as atualizações como “carrossel” e IGTV estavam prestes a ser criadas. O número de usuários também era infinitamente menor. De marcas e anunciantes, então, nem se fala 💼. Ainda não tínhamos qualquer obrigação de fazer uma bio elaborada ou ter um feed escaneável.
Como fotógrafa amadora e entusiasta da rede social de fotos bonitas, tracei uma única regra: a imagem a ser postada não precisava necessariamente ter sido tirada no próprio dia; ela só precisava ilustrar algum sentimento importante daquele momento 💭.
O desafio foi cumprido, mas com alguma falcatrua (falo mais a seguir). No dia 31 de dezembro de 2017, eu postei a foto de encerramento daquele álbum de recordações que até hoje me traz alegria 😊. Com o fim da experiência, vieram muitos insights de usuária também. Alguns envelheceram bem, outros nem tanto. Veja só:
👇🏼 Notas de 2018 revisadas para este post.
1. A frequência melhora a distribuição
Meu perfil no Instagram nunca foi grande, mas percebi um aumento do número de seguidores conforme eu mantinha a frequência das postagens 📈. No entanto, à medida que o número de seguidores crescia, o engajamento diminuía. Algoritmos.
Outra coisa que aumentou foi o número de curtidas e likes. Sabe aquelas pessoas que passam a te seguir para você seguir de volta e depois param? Pois é, isso também cresceu. Bots.
2. Dá(va) pra fazer networking no Instagram
Naquela época, o Instagram me devolveu o amor pela fotografia que eu havia perdido na faculdade 📸. Não sei se você sabe ou lembra, mas existia uma comunidade de fotógrafos especialistas por lá. Eram profissionais que aderiram à mídia social ainda no início, quando o gesto de compartilhar fotos tinha um viés mais artístico.
Ao enxergar o Instagram como uma ferramenta para a partilha de imagens conceituais, comecei a me interessar pela comunidade dos instagrammers. Já até havia participado de um instameet em 2015, em Belo Horizonte, a convite de um amigo. Foi ali que percebi o óbvio: para integrar aquela rede, eu precisava fomentar as relações 🤝.
Os grupos se identificavam com o nome "igers" + nome da cidade, estado ou país, e usavam hashtags para demarcar as localidades. Assim, postar uma foto de Belo Horizonte com a hashtag #igersminasgerais ou de Lisboa com #igerslisboa aumentava as chances de a imagem ser vista pela comunidade 📍.
Se as pessoas responsáveis pelos perfis dessas localidades gostassem da foto, havia uma boa probabilidade de ela ser repostada. Foi assim que tive reposts em perfis como igersminasgerais, igerslisboa e igersportugal. Era super gostoso quando isso acontecia 🥰.
3. A dinâmica vicia
2017 foi o ano em que eu mais passei horas de vida no celular 📱. E não falo disso com orgulho. Por mais que o intuito fosse um registro pessoal, uma vez lançada a foto, eu queria ver o resultado. Se as pessoas curtiam, se comentavam, se quem curtiu era alguém que eu considerava relevante dentro do meu ciclo. É bizarro, mas era como se isso desse algum sentido ao que vivia na vida real (não o contrário) 🤯.
4. A queda no engajamento deprime
Tudo parece bem. Você posta diariamente e já percebeu quais são os melhores horários para a sua rede (no meu caso, era antes de dormir, quando todos davam aquele scroll básico na timeline). O número de likes está crescendo constantemente... ❤️
Até que um dia você posta uma foto e ela não faz tanto sucesso assim. Ela flopa. E pronto, sem tempo de raciocinar sobre isso, vem o sentimento de rejeição 😞. “Será que eu deveria ter postado essa foto? O que será que desagradou? Será que eu apago?” A-PA-GO. É difícil admitir, mas eu passei por isso.
5. A vida perfeita engaja
Maio de 2017 foi um mês de grande ansiedade. Eu tinha passagens compradas para o Brasil em junho e havia decidido que, ao voltar para Portugal, passaria o verão trabalhando no Algarve 🌞. Para isso, eu deixaria o apartamento em que estava morando assim que fosse para o Brasil.
Acontece que eu não havia feito nada para colocar o plano em prática 🛑. Como resultado, passei o mês de maio sabendo que, em julho, eu voltaria para Lisboa, apenas. Sem lugar para morar e sem emprego, só com a passagem de volta.
Foi um período muito angustiante porque eu já sabia como os aluguéis estavam escassos e encarecidos em Lisboa. Mas, felizmente, deu tudo certo no final. No entanto – e eis a falcatrua – eu não deixei que nenhuma dessas aflições chegasse ao Instagram e continuei postando fotos de jacarandá como se nada estivesse acontecendo 😅.
6. Gente aparecendo engaja
Ao longo daquele tempo, fui descobrindo que o que as pessoas, ou os algoritmos, mais gostam de ver são… Pessoas 👥. Praticamente todas as fotos mais “curtidas” tinham alguém aparecendo, fosse eu ou alguém que eu retratava. Assim, sempre que o engajamento em fotos de janelas, paredes ou paisagens diminuía, eu postava uma foto com gente para fazer com que ele subisse de novo. Truques.
7. O aprimoramento técnico vem com o tempo
Sem dúvidas, uma coisa legal para quem fotografa é a prática do olhar 👀. Aprendi a observar a luz 🌞, a enxergar bons enquadramentos e a capturar belas cenas. Também fui aprendendo a deixar os filtros de lado e a me dedicar mais a alguns aplicativos de edição apenas para alterações como brilho, contraste e saturação.
O Instagram era um aplicativo bacana para quem quisesse desenvolver uma marca autoral e observar a própria evolução no processo. Eu tenho fotos que amo e fotos que não tiraria ou postaria de novo (como as que ilustram este texto, por exemplo), mas estão lá, contando alguma história sobre mim, mesmo que só para mim mesma 📖.
✔️ Valeu a pena?
Posso dizer que sim. Como usuária do Instagram e profissional de marketing digital, aprendi muito com toda a experiência. Ao mesmo tempo, eu cheguei ao final do desafio tão exausta que demorei mais de um mês para postar uma nova foto. Afinal, os traços tóxicos da hiperconexão também haviam se revelado ⚠️.
Talvez por isso, quando lá em 2019/2020 eu vi os gurus de marketing incentivando as pessoas a fazerem dois posts e dez stories por dia para terem sucesso, meu pensamento não foi outro senão: “isso vai dar muito ruim” 😬.
Continua na próxima news… 📩
Enquanto isso, na Pessoa Jurídica
👩🏻🏫 Meu próximo curso
Prorrogamos as inscrições para o curso online “Planeamento na comunicação digital em tempos de IA: da estratégia à execução”, facilitado por mim em parceria com a plataforma portuguesa Gerador 🇵🇹. Em uma jornada de 15 horas, distribuídas ao longo de seis semanas, vamos entender de que forma a Inteligência Artificial pode nos ajudar nas diferentes etapas de um planejamento estratégico de comunicação, para além da elaboração e revisão de textos. As aulas, agora, começam no dia 5 de fevereiro, às 19h (horário de Portugal) ⏰
Vamos?
💻 Nos bastidores
Ano passado, logo depois de abrir meu coração nesta edição aqui, dizendo que nunca sabia se estava fazendo certo quando o assunto era LinkedIn, acabei fisgada por uma headhunter de Madrid que buscava alguém para uma vaga com todas as especificações que detalho no meu perfil. Fui fazendo as entrevistas como quem não quer nada e já estava até reajustando os outros trabalhos para um novo desafio part-time 💼. No fim, a empresa cancelou o processo, mas já foi um indicador de bom caminho. Sigo animada com todas as possibilidades de 2025.
Em outras redes
Já nos conectamos pelo LinkedIn?
E pelo Instagram?
Mesmo em hiato, ainda te convido a ouvir o Ouvidorama, meu podcast. As conversas continuam atuais.
👋🏼 Até a próxima!